segunda-feira, 3 de junho de 2013

O dia em que fui interrogado por bate-bolas



Olá a todos

Na vida às vezes passamos por cada uma, que nem acreditamos depois que acontece. Certa feita estava eu voltando da casa de um amigo na minha bicicleta cross, de cor preta e pneus vermelhos. Ela estava velha, sem freio e com os pneus bem carecas. Ah, além disso, as correntes tinham um péssimo hábito de sair quando atingia certa velocidade. Era época de carnaval e a rua estava com certo número de bate-bolas nas ruas com suas fantasias fazendo barulho. Eles são aquelas pessoas que ficam fantasiadas na época de carnaval, geralmente usam máscaras esquisitas e andam em grupo fazendo barulho. Só os vejo durante o carnaval mesmo.

Passava das onze e meia da noite, vinha em velocidade de cruzeiro pela pista quando ouço uma voz a me chamar. “Ei, você espera aí”. Pensei “Caramba, uma hora dessas vão roubar minha bicicleta”. Como estava correndo bem, tive um pouco de dificuldade na hora de frear a bike, coloquei o pé no chão arrastando no asfalto parando a bicicleta. Pensei em correr, acelerar o passo, mas lembrei nas inúmeras vezes que fiz isso e a corrente saiu, minha canela estava cheia arranhões por conta disso. Então parei, avistei de longe, eram os Clóvis, aqueles bate-bolas ditos mais sofisticados de vestido e sombrinha na mão. Tinha uns três ou quatro, todos fantasiados. “Vou ser roubado por um bate-bola???”  

Fantasias dos Clóvis no carnaval (Foto Google)
Quando o cara de fantasia lamentável chegou até mim na rua escura e deserta falou: “Cadê a bolsa da tia?” Tia? Ele estava me confundindo com alguém, só pode. Ou estava arrumando uma desculpa para que eu descesse da bicicleta para ele levá-la. Eu não faria muita resistência porque a bicicleta era velha demais para que eu a protegesse com a vida. Perguntou mais uma vez: “Cadê a bolsa da tia?”. Expliquei toda a situação, como de onde vinha e para onde iria e tal, mas não adiantou. Os outros chegaram e me cercaram, eu estava realmente sem saída. Não tinha como provar que não era eu, a não ser o meu próprio testemunho. Então eles resolveram me escoltar até a moça que foi roubada.

A rua dava entrada a um conjunto de residências. No caminho até a porta da casa da moça da moça um aglomerado de gente entre menores e maiores, bate-bolas e Clóvis me rondavam como que acompanhando uma autoridade, ou cercando um bandido para que não fuja. Me senti muito acuado, agora não tinha nem como correr. Umas vinte pessoas se preparando para me "juntar" ali mesmo, apenas esperando o “ok” de alguém, talvez da tia. Eles gritavam coisas do tipo. “Se foi você, cara, vou metê-le a porrada!!” Já estava prevendo o final, como a bolsa da tia não estava comigo, eles iam me moer na pancada, jogar meu corpo em alguma esquina e dar um sumiço na minha pobre bicicleta. Antes de chegar à casa da tal tia, um alento, algumas pessoas reconheceram a diferença entre minha bicicleta e a do ladrão e começaram a falar que não tinha sido eu.
Quando chegamos na porta da casa da mulher expliquei toda a história novamente e os Clóvis exultantes crentes que estavam fazendo justiça:
- Foi ele tia?
- Se foi ele eu não sei por que não vi e estava escuro...

Argumentei que fazia aquele caminho quase todos os dias indo na casa de um amigo e que jamais faria uma coisa dessas. E, não havendo provas do crime, foram obrigados a me liberar. Acelerei a bike até o final da rua de forma apressada. Realmente algumas pessoas viram que a bicicleta era diferente, foi a minha salvação. Na esquina da rua, um senhor me parou. Era um homem de idade mais avançada e queria saber o que tinha acontecido. Via toda aquela movimentação à minha volta. Falei tudo a ele, ele perguntou onde morava, falei Cidade de Deus, àquela mesma do filme.

Os pneus da minha bike eram assim (Foto Google)
No final ele disse que eu não tinha cara de quem fazia isso. Cara de quem rouba bolsas de tias. Fiquei feliz com a declaração dele, apesar de achar errado julgar as pessoas pela cara, foi bom saber que eu não tinha a tal cara de quem faz isso. Me cumprimentou e pude ir para casa com mais tranquilidade. Cheguei tenso e em silêncio, não falei nada para ninguém. Minha bicicleta não duraria muito, sugava ela até não poder mais andar além de não me permitir imprimir uma fuga dos Clóvis. Dei graças a Deus que saí dessa. Desde então passei a ter receio de ser confundido com ladrões e assaltantes por aí, muito embora não pudesse prever este tipo de situação. Uma coisa era certa, já não gostava de bate-bolas, depois disso passei a gostar ainda menos.

Esta história é real, passei por isso mesmo. Como os amigos da escola zoavam "É um fato venério" rs. Eu consigo rir disso hoje, apesar de ter temido demais no dia.

Grande abraço
Fernando
Siga no Twitter: @fernu

12 comentários:

  1. Nossa Fernando que sufoco hein!!!
    Eu detesto bate bolas, não gosto mesmo.

    Prefiro mil vezes o bloco que os homens saem de mulher, rsrsrs.

    Mas gostei da sua historia.

    Beijos

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  2. O que seria os bate-bolas?

    ahsuahush
    Uma vez fui assaltada, foi horrível! ainda bem que tu se liberou desta e não tinham provas que o fizessem pensar o contrário!

    Identidade AleatórialFacebook

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  3. Esse texto é real? rs
    Sim ou não, eu adorei. Caramba!
    Que sufoco hein? Mas se for pensar bem, o final e a situação chega a ser engraçada.
    Tô seguindo aqui.

    miragem-real.blogspot.com.br

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  4. Adorei, nossa odeio esse povo que julga os outros pela cara..
    o que são bate-bolas?
    beijos

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  5. Nossa! Foi tenso, heim Fernando?
    Ainda bem que teve final feliz.
    beijos

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  6. Que situação, não?
    E acredite, eu desconhecia esse termo: bate-bolas. Dei uma olhada no google e descobri o que era, (alguns são bem bizarros). Mas de qualquer forma, foi um sufoco pra você, sem dúvidas. Como disseram acima: Ainda bem que teve final feliz.

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  7. Bah, que doideira, Fernando! Sufoco pouco é bobagem!

    Abraços.
    www.dilemascotidianos.blogspot.com

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  8. Que sufoco! Ainda bem que não aconteceu nada. Ah! Desconhecia completamente esta expressão "bate-bolas". Beijos.

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  9. Adorei sua visita la no meu blog!!
    corri aki e ja estou seguindo

    bjos
    http://rachelmalheiros.blogspot.com.br/

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  10. Finalmente você resolveu contar essa história ao mundo, e a sua mãe, já sabe do ocorrido?

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  11. Desculpa minha ignorância, mas o que seria bate-bolas?

    Estou te seguindo..

    Beijinhos
    http://kahcastioni.blogspot.com.br/

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