Sempre gostei de biografias. É o tipo de livro que mais gosto de ler, por conta da possibilidade rara que temos de conhecer alguém por meio de suas próprias palavras, embora saiba que há exceções. Foi assim quando comprei a biografia do tenista Gustavo Kuerten. Guga, Um brasileiro conta uma linda história, uma verdadeira aventura quando um brasileiro se dedica a um esporte em alto nível. E ele alcançou de tal maneira que muitos, assim como eu, passaram a gostar do esporte por causa dele. Levar o Brasil ao topo do ranking, onde permaneceu por 43 semanas, não foi fácil e isso fez com que o tênis fosse colocado de volta no mapa do esporte nacional depois de muitos e muitos anos. Não se sabe se existirá alguém capaz de fazer isso de novo.
Ao ler sua biografia entrei em contato com os bastidores de cada conquista, algo que não tinha acesso na época em que ele brilhava nas quadras. Isso num tempo em que tinha que colocar muito bombril na antena para melhorar a imagem e nem assim conseguia ver a pequena bola de tênis. Não conseguia ver nenhuma imagem quando passava os raros jogos de tênis na TV aberta. Quando conseguia, era na casa de algum amigo que tinha TV por assinatura, mas não era sempre. Ri muito com algumas passagens hilárias e me emocionei com outras, como quando ele fala do irmão Guilherme, carinhosamente chamado de Gui, e que morreu em 2007. Meus olhos ficaram marejados quando achei no You Tube o vídeo de sua despedida das quadras e a declaração de amor que fez ao técnico Larri Passos, tão importante como treinador e pai em sua carreira. Pude relembrar o dia em que desenhou um coração com a raquete no saibro de Roland Garros após difícil batalha contra o americano Michael Russel pelas oitavas de final em 2001 numa partida praticamente perdida. Vibrei muito com cada conquista que tive oportunidade de assistir. O esporte não é só resultado, é emoção e sentimento, e isso também aprendemos com ele. Apesar de não ter sido tão polêmico quanto seu rival André Agassi, foi muito bom poder relembrar essas histórias.
Infelizmente, o país não aproveitou o potencial do esporte e de Guga para alavancar o tênis no país. O Brasil continuará sendo o país do futebol e, as vezes, do Vôlei, e só. De vez em quando aparece um Guga, um Arthur Zanetti, uma Daiane dos Santos, mas o esporte brasileiro continua dependendo de lapsos do destino para produzir grandes campeões. Sua leitura embalou minhas viagens de ônibus nas manhãs indo de casa para o trabalho. Se aprendi uma coisa lendo o livro do Guga foi que preciso acreditar sempre para chegar aos meus objetivos. E precisamos mesmo, sem isso é impossível continuar a fazer qualquer coisa.
Com fé, competência e força de vontade é possível chegar a qualquer lugar.
Grande abraço. ;)