sábado, 1 de setembro de 2012

Um dia qualquer...

Sabe aqueles dias em que acontece uma coisa muito ruim e que você não desejaria ter vivido aquele dia. É estranho quando isso acontece, a nossa vida é muito instável. A vida é como um castelo de cartas, demora para ser erguido mas pode ser derrubado com apenas um sopro. Por que estou dizendo isso? Toda vez que estou triste, faço a maluquice de pegar um ônibus (melhor que cachaça, como diria meu amigo Henrique) mas não é o ideal. Moro numa cidade estranha que é este Rio de Janeiro, um lugar que pode ser o mais belo do mundo como pode ser o mais violento e infernal também. Saio do estágio e me ponho a pensar na minha vida, em tudo o que aconteceu ao longo destes três, cinco, doze anos. Pensando o que estou fazendo dela, o que eu construí nesse tempo, e como posso recomeçar agora depois de ver o castelo em construção  bastante adiantada. 

Chego a Praça da República, que é um lugar muito esquisito à noite. Um grande bosque tomado por mendigos o que mostra como à nossa Cidade pode ser o pior dos lugares para algumas pessoas. Parado ali observava um gato tentando roubar biscoito do camelô em meio a um terrível mal cheiro,fiquei ali na fila do 371 (Praça da República-Praça Seca) aguardando o próximo ônibus sair. Era 17h38 quando ele saiu do ponto, horário de pico, muita gente passando pra lá e pra cá. O tempo estava fechado assim como as ideias na minha cabeça, mas nela a chuva já caia forte e inundava e levava tudo aquilo que já acreditei um dia, tudo aquilo que um dia eu já apostei todas as minhas fichas. A avenida Presidente Vargas estava hiper congestionada, devia ter algum acidente nas redondezas, depois vi no painel eletrônico da avenida Francisco Bicalho que um caminhão tinha tombado no acesso à linha amarela, pode ser, talvez.  O 371 tem um trajeto peculiar, pois passa por dentro do bairro de São Cristóvão, onde vejoo várias placas em cor laranja escritas "Caminho Imperial", e que conservam no bairro com várias paisagens interessantes como o Museu Militar. Depois de passar pela Quinta da Boa Vista e Mangueira ele se dirige para o bairro de Benfica.


Bela Imagem na Avenida Pedro II, em São Cristóvão.

Sentado naquele ônibus pude refletir em vários aspectos da minha vida e tomar decisões duras nunca é fácil e jamais o será. Mesmo sabendo que é preciso chegar, é complicado tomar a iniciativa. É como se tivesse adiando isso por muito tempo e agora tomaram esta decisão por mim, é como se tivesse ali esperando uma consulta médica e a pessoa chega e diz  é a hora pode entrar e quando se abre a porta percebo que há um grande abismo à frente (analogia terrível essa, eu sei). Temos verdadeira aversão a mudanças, sinceramente eu não queria mudar, queria continuar do jeito que está mesmo sabendo que ia continuar me fazendo mal.

O ônibus passa pelo largo de Benfica enquanto posso avistar o metrô passando no alto sentido Pavuna. A paisagem fica tremadamente escura e sombria. O coletivo se aproximava do bairro do Jacarezinho. O Rio de Janeiro tem sofrido muito com a escalada que o crack deu nos últimos anos. E a camada mais pobre da população é a que mais padece deste mal, pude ver pessoas no escuro tentando acender uma fogueira amontoadas em um ambiente horrível. E sabe, hoje a realidade está tão dura que não choca assistir uma imagem dessas, é como se o bairro tivesse totalmente abandonado e tomado pela desordem. Mas logo à frente tinha o Norte Shopping e uma filial do Outback Steakhouse vinha informar que o ambiente agora é outro. Duas realidades muito distantes e ao mesmo temo muito próximas uma da outra. 

Depois de 2 horas e 2 minutos o ônibus chega a Praça Seca. Era hora de ir embora, encarar a realidade e pensar para frente. Pensar e agir. E quem sabe poder enxergar qual é o meu lugar neste mundo, em quem posso confiar para seguir em busca disso e o que posso fazer para melhorar. Sei que uma viagem dessas não significa muito, a Cidade é tão grande quanto os objetivos que busco e mesmo sendo muito difícil, quero muito chegar no final desta jornada e dizer que tudo isso valeu a pena. E pensar que ainda posso fazer a diferença na minha vida e na vida de alguém. É nisso que agora eu penso.

Grande abraço...
Fernu..

Curtam o fampage do blog no face:  http://migre.me/axyuZ


22 comentários:

  1. Dias ruins fazem parte do caminho, da loucura que é a vida,,,do aprendizado...obrigado pela visita amigo,,,volte sempre...abraços pra ti.

    ResponderExcluir
  2. Ola, nunca fui o Rio fiquei tentando imaginar cada cena, quando olhei a foto me pareceu um lugar tão lindo,mas a medina que fui lendo seu texto tudo desmoronou, a vida é cheia de altos e baixos.
    Amei seu blog, volte sempre lá no meu cantinho adorarei sua visita beijos!!

    ResponderExcluir
  3. Ola,
    Moro no Rio também e cada lugar que você citou eu conheço. Concordo com o Henrique que viajar de ônibus é melhor do que um copo de cachaça. Realmente nossa cidade esta um caos com o crack que se alastrou, com pessoas que moram na rua etc..
    Em dias tristes faço sempre uma mentalização positiva, e procuro ver o lado bom.
    Gostei muito do seu texto.
    Seja sempre bem vindo lá no meu canto.
    Um beijo e um domingo cheio de paz

    ResponderExcluir
  4. Que bom que gostou.
    Eu sei que tem dias que o coração aperta, mas olhar o Cristo, as praias, o céu sempre azul, talvez melhore. Só um palpite.

    Um restinho de domingo
    com muita luz pra você.

    ResponderExcluir
  5. Você escreve muito bem... estou certa de que: com as palavras você é organizado! Adorei a leitura! ;)
    Sobre o Rio de Janeiro, é por aí... e posso dizer que nem tudo nesta cidade é tão maravilhoso, pois, também, moro nela. Abraços e tenha um excelente começo de semana.

    ResponderExcluir
  6. Adorei, hahahha.
    Foi só uma sugestão.
    Na zona sul também tem o que é bom e o que não é.
    Quem sabe você não melhore com poesias?rs. Eu acredito que sim.

    Abraços

    ResponderExcluir
  7. Quando eu fico triste/confusa/perdida tenho o hábito de andar. Assim, sem rumo. Me faz um bem danado. Acho que entendo perfeitamente as suas viagens de ônibus. Boa semana!

    ResponderExcluir
  8. Me identifiquei muito com esse texto! Também não gosto de mudanças e quando vejo ela batendo a minha porta, eu me escondo. Isso está acontecendo comigo agora, sei que está na hora de mudar, mas sou teimosa, insisto em bater de frente. Não sei onde isso vai me levar...
    Boa sorte pra gente.
    Beijinhos

    ResponderExcluir
  9. Onibus é um bom lugar pra pensar. Principalmente quando vc tá sentando, ouvindo alguma música e viajando...

    http://bolanooctogono.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  10. Nossa, você escrever super bem e é muito organizado com as palavras e pontuações! Este blog me conquistou rsrs

    Acho que ao contrário das pessoas, eu gosto de algumas mudanças. Me adapto rápido à elas. E quando estou triste ou confusa, leio um livro pra pôr meus pensamentos em ordem e melhorar um pouco.
    Conheço bem alguns lugares que citou...
    Certamente o RJ tem essa contradição: "um lugar que pode ser o mais belo do mundo como pode ser o mais violento e infernal também".

    Ah, e obrigado por visitar meu blog.
    Beijos :*

    ResponderExcluir
  11. É... Tem coisas... Tem dias... Que poderiam não acontecer... Mas e aí? O ônibus segue... A vida também...

    ResponderExcluir
  12. Pois é dias ruins infelizmente são inevitáveis :/
    muito bom os textos.
    http://desventuras-em.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  13. Oi Fernando,

    Vim saber se você já fez o passeio pra zona sul.. rs!

    Brincadeira.. vim ver se mudou o post.

    Fique bem
    Beijos

    ResponderExcluir
  14. 'E pensar que ainda posso fazer a diferença na minha vida e na vida de alguém'. Lidas palavras!

    Volte quando puder, será um prazer!

    ResponderExcluir
  15. Oi fernando,

    kkkk é virou um bate papo.
    Obrigado por ter ido la no blog.
    Enquanto isso eu aguardo sua inspiração pro próximo post.

    Fique em paz. Um bom feriado.
    beijos

    ResponderExcluir
  16. Nossas pequenas diferenças, eu moro em Sampa e tu no Rio.
    As coisas por aqui não é muito diferente daí, particularmente gosto de "andar" de ônibus ou trem, adoro ver essa paisagem de concreto e aço.

    Próximo da estação da Luz (centro de São Paulo), é comum ver usuários, acendendo cachimbos as 14:00 hrs numa plena terça- feira.


    Você escreve muito bem, quem dera eu...

    ResponderExcluir
  17. Bate-papo!? (risos) Virou sim! ;)
    Mas você tem que postar mais aqui, tipo 1 vez por semana... Gostei de seu blog! ;) beijos e lindo final de semana.

    ResponderExcluir
  18. Oi moço,

    Nossa mais ainda o mesmo texto. Eu não vim antes porque eu viajei. E sobre a sua ideia de falar mais da Zona Sul, tudo bem eu topo.

    Olha vc poderia vir pela cidade passando pela candelária, e depois o aterro. Lindo o aterro onde da pra ver o Pao de açúcar e a enseda de Botafogo. Dali direto pra Copacabana que dispensa qualquer comentário. Seguidinho vem Ipanema, que alem da Praia, tem a praça NS Da Paz, e igreja com o mesmo nome. Voce passaria pela lagoa, onde a vista é o cristo e morro dois irmãos. Muita gente fazendo exercícios, crianças brincando...


    E o resto vc vai descobrindo.
    Uma semana inspirada para você com cheiro de primavera chegando.

    beijos

    ResponderExcluir
  19. Você falou uma coisa certa: as pessoas têm medo de mudanças. A gente tem pavor de modificar o que quer que seja, porque tememos o desconhecido, nos agarramos à segurança de uma situação que nos permite - mesmo que de forma vaga - planejar e supor oque vai acontecer no dia seguinte, na semana seguinte, nos próximos anos. E a gente ADORA fazer isso, mesmo estando carecas de saber que a vida não é assim metódica, e que nós necessitamos de mudança como um viciado necessita da droga. Só que, neste caso, é uma droga boa - nós é que somos caretas e ignorantes demais pra admitir.
    Acredito que o medo de mudança é igual medo de tomar injeção: a gente sabe que vai doer, mas também sabe que é bom e que não tem jeito, ou toma, ou fica mal. Na hora é horrível, a gente esperneia, grita, chora, quer sair correndo, pensa que a dor da agulhada vai durar uma eternidade, mas quando vê já foi, passou.
    E foi por pensar assim que comecei a ligar na minha vida um botãozinho muito interessante chamado "foda-se". "Foda-se" a tirania e a hipocrisia da sociedade, eu vou saltar profundo sim e ninguém me impede. É arriscado, mas no fim das contas a gente fica mais leve.

    E eu também adoro andar de ônibus pra me embriagar com meus próprios pensamentos ^^
    De preferência com uma latinha de coca-cola na mão.

    Ah, já ia me esquecendo: a parte 4 do conto já foi publicada e esclarece um monte de coisas, confira lá, vc vai gostar (:

    Espero te encontrar no bate papo mais vezes, meu caro (:
    Até logo!

    ResponderExcluir
  20. E como sei , é realmente dias ruins todos temos , o importante é sempre seguir de cabeça erguida enfrentando cada obstáculo . (:
    bjs
    http://realityedreams.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir