quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Rolezinho

Olá a todos

Vocês alguma vez já deram um rolezinho no shopping? Eu fazia isso quando não tinha nada para fazer ou queria sair de casa um pouco. O shopping é um lugar legal, tem vitrines, coisas bacanas e caras que não posso comprar e outras coisas mais interessantes como cinemas e livrarias, principalmente. Esta semana a palavra rolezinho apareceu em várias matérias, artigos e reportagens veiculadas por aí. Aconteceu algo bem parecido com o que ocorreu no meio do ano passado quando diversas  manifestações estouraram por todo o país.

A imprensa, políticos e intelectuais lançaram mão de suas teorias para tentar explicar o que acontecia. Vândalos (fiquei com esta palavra na cabeça de tanto escutá-la na época), bandidos, arruaceiros, o discurso foi o mesmo de sempre. Os movimentos sociais no país, principalmente aqueles que vão para rua protestar contra qualquer coisa, são sempre criminalizados por parte da sociedade e da imprensa. Eles alegam que são movimentos violentos e promovidos por pessoas que não querem o bem comum a todos e só querem baderna.



Infelizmente acabei chegando a algumas conclusões sobre tudo isso: Primeiro, é muito difícil não ter a presença da violência nessas ações uma vez que há falta de diálogo dos dois lados, tanto da força policial quanto dos manifestantes. Segundo, as recentes manifestações assustaram e ainda assustam a opinião pública que vê nelas a ameaça a ordem estabelecida como se essa ordem que há hoje no país fosse boa para todos e todos nós sabemos que não é. Em muitos textos que li sobre o assunto, o de um colunista da Veja chamou minha atenção porque ele chamou o movimento de rolezinho da inveja. Ele chamou as pessoas de bárbaros incapazes de reconhecerem a própria inferioridade e que eles morrem de inveja da civilização. Acho que uma simples inveja não é capaz de mobilizar milhares de pessoas em torno de um bem comum, é um argumento muito simplista e até certo ponto, preconceituoso. 

Enfim, este é o pensamento de uma elite que procura criminalizar todos os movimentos que surgem por aí. Não importa, se fazer algum barulho o negócio não é sério. Não estou aqui para defender o movimento, até porque não o conheço o suficiente para julgá-lo se é bom ou ruim. Se o objetivo era fazer barulho, eles conseguiram. Falar que o shopping é um local particular e tentarem impedir as pessoas de entrarem no lugar a partir de critério subjetivo dos seguranças é incentivar ainda mais o preconceito velado que persiste no país. Sei que o pobre sempre será de alguma forma discriminado no Brasil, não importa o lugar.

Isso chega a ser engraçado quando penso que sempre quando vou ao Barra Shopping, um dos principais aqui do Rio, e entro em uma livraria, o segurança vai atrás de mim me cercando e vigiando para ver se eu não vou roubar alguma coisa. Quado isso acontece me sinto super mal, é como se ele estivesse dizendo que aquele lugar não é para mim, que eu não deveria estar ali, que deveria estar em outro lugar ou que não tenho o perfil para comprar alguma coisa naquela determinada loja. Perfil para roubar, eu tenho, na visão deles, então, preciso ser vigiado de perto. Eu deveria me acostumar com isso, já que para a sociedade o negro é uma ameaça até que se prove o contrário. Mas sempre me sinto mal por isso porque sou um cidadão como qualquer pessoa que frequenta aquele lugar.

As charges que escolhi na internet mostram a visão que a sociedade tem deste movimento que incomodou muita gente nesses últimos dias. Não sei onde esse movimento vai parar só sei que o preconceito velado, chamado preconceito cordial sempre vai perseguir a gente não importa se o país melhorou economicamente, se há mais negros na universidade se há menos pobres no país, etc. Isso não é mimimi, é a realidade.

Grande Abraço
Fernando dos Santos

26 comentários:

  1. Adorei o texto, quanta teoria.. muita coisa para abordar, vou falar demais se for discutir cada frase.. rs >< adoro dar um rolezinho no shopping, vou sempre, piro nas lojas de livros, cds, roupas, esportes, amo tudo.. sou muito eclética quanto a isso! Va ao shopping e entre na loja de terno serás passado na frente de todos e atendido totalmente diferente, agora vá de havaianas, bermuda e um pouco mal arrumado, capaz de nem lhe atenderem, isso se não ficarem a te olhar dos pés a cabeça! A sociedade é muito hipócrita quanto a isso, na faculdade de moda discutimos muito esta relação com a roupa, sociedade e discriminação.. e esta cada vez pior ao invez de melhorar '¬¬ bem, falei demais ja.. atualizei o blog, passa la, boa noite! Aguardo novos textos por aqui, até*

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  2. Eu particularmente gosto de ir em shopping com amigos e etc , semana passada mesmo fui barrada e pediram identidade e cpf .. tá cada vez mais dificil até sair pra se divertir hoje em dia . Gostei do post e estou seguindo o blog.

    http://sonhando-porai.blogspot.com.br/

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  3. aou xomo vc.. só vou em shopping pra "oiá com o zóio e lambê ca testa" kkkkkkkkk... e esse "pra fora todo mundo ke tem cara de pobre"... pensei.. FUDEU..kkkk.. bjokas e sucesso

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  4. a coisa tá feia pros dois lados! E quem sofre é quem nada tem a ver com isso! ;s

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  5. Infelizmente as pessoas continuam com demasiados juizos de valor, fiquei chocado com o teu relato. É triste como ainda há tanta descriminação.
    As pessoas tem todo o direito a lutar por aquilo que acreditam e deve ser dado o direito de protestar!

    http://ummarderecordacoes.blogs.sapo.pt/

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  6. Ótimo texto ^^
    Hey, estou passando novamente para te fazer um convite, pois está rolando uma super pesquisa de opinião sobre o retrocesso da internet, sua opinião é muito bem-vinda!

    Abraços,
    Revolução Nerd

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  7. Virou moda agora ler em todos jornais e redes sociais esse tal de rolêzinho....aqui na minha cidade tbém tem isso, fui no Shopping e fiquei passada com tantos jovens na idade de 11 a 16 anos..estavam só passeando ,tbém tinha cada guarda roupa seguindo eles.....mas devemos ficar atentos sim

    Abraços de sempre, com bom final de semana!

    └──●► *Rita!!

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  8. a manifestação é uma forma de mostrar descontentamento e é válida porque a liberdade de expressão ainda existe (ou devia). Depois claro que há sempre aqueles conflitos entre a população e a polícia por, como disseste, falta de comunicação. Mas também é verdade que por vezes as autoridades abusam e outras que a população também excede os seus atos
    querosabertudo-k.blogspot.com

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  9. Fico me perguntando quando que o Brasil vai parar de ser preconceituoso, eu admito que não vou ao shopping se não tiver um motivo, comprar alguma coisa, ver um filme e etc. Não sei detesto ir a lugares só para andar.

    Abraços

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  10. Assim que estourou essa moda de rolezinho e a reação dos shoppings, a primeira palavra que veio a minha cabeça foi: preconceito. Mas daí, passados alguns dias, percebi que o problema está dos dois lados, vem de muito longe e é difícil chegar a uma posição. Primeiro porque a polícia, os shoppings e os usuários das classes A e B têm uma mentalidade preconceituosa SIM, segregacionista, ridícula. Mas, por outro lado, os rolezinhos estão carregados com más intenções, mesmo que tenha pessoas ali que não pretendem fazer nada de ruim, apenas passear. O problema é separar as más intenções das boas. É dificultoso, mas acho que identificar más intenções dentro do espaço do shopping é responsabilidade da segurança, que não deve fazer isso somente em rolezinhos, mas o tempo todo.
    Daí o UOL foi entrevistar algumas meninas do rolezinho (não sei se você viu o vídeo), e elas acabaram por estragar as defesas. Porque se mostraram fúteis, de certa maneira. Só que a futilidade existe em qualquer classe social, o que muda são as preferências.
    Eu, pelo menos, não consigo me posicionar, ainda. Tem erros dos dois lados, é preciso uma análise muito profunda...

    Muito bom ter tratado o tema! Gostei.

    Grande abraço!

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  11. Apesar de soar realmente como problema social (visto em que participantes dos rolezinhos tentam ostentar aquilo que não são de fato), acho que a mídia generaliza a situação e a transforma num caos muito maior do que realmente a essencia da situação.
    Afinal... porque não transformar uma história vendável em mais vendável ainda?

    beijo

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  12. Não conhecia esse movimento, vi esses dias no jornal (sabe ne vida no interior. Mesmo assim dá pra se ter uma noção como os outros tem preconceito, especialmente com a cor.

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  13. Amigo texto maravilhoso amei, só que se vc for bem simples ao shopping ai vc entra em uma loja esta com dinheiro para comprar aquele produto mais esta simples nem a vendedora chega perto de você,uuuuummmm ele é pobre ou ela é negra etc... Sucesso amigo fica com DEUS.
    http://arrasandonobatomvermelho.blogspot.com.br

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  14. Ótimo texto, Fernando, embora eu tenha restrições à forma como o movimento se dá, e, principalmente,tenha dúvidas sérias sobre o caráter do mesmo, se tem, de fato, algo de mais profundo implicado ou se é apenas mais uma modinha pontual e efêmera que nada tem de potencial mobilizatório no sentido aócio-político.

    Abraços.
    www.dilemascotidianos.blogspot.com

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  15. Fe,
    Muito bom texto. eu concordo com o preconceito que existe. Eu tenho uma amigo que é azul de tão negro, e as vezes nos encontramos no shopping. Basta eu entrar numa loja e ele vir atras que os seguranças ja ficam de olho, Ele sempre brinca dizendo que é segurança da madame, e eu logo falo, negativo ele é meu marido. sei que nem deveria ter essa brincadeira, mais ele pra não se sentir mal vai falando.

    Enfim, a hipocrisia reina no pais do carnaval.

    Beijos

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  16. agora ate o que era um lugar de diversao ta perigosa.
    richelleoliveira.blogspot.com.br

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  17. Adoro o rolezinho no shoopping.HAHAHAH. tudo agora tem política no meio né? Jesus u.u


    beeeeijos rs
    http://borboletametamorfoseando.blogspot.com.br/

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  18. Seus textos são maravilhosos, sem mais. Simplesmente adorei seus argumentos e concordo muito contigo!

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  19. Olá, tudo bem?
    Pois é, muitas vezes principalmente em ambiente escolar isto é bem discutido, temos exemplos também da cota para negros, falaram muito durante todo ano passado.
    Do rolezinho, bem, não escuto muito mas tenho amigos que adoram falar.
    Sacanagem a questão de ficar viando você, poxa, as aparências enganam, muito aliás.
    Ainda sonho com um mundo perfeito, sem preconceitos, mas como se nem o Brasil ainda conseguiu mudar.
    Adorei o texto, tirinhas bem relatadas também, será um grande jornalista ;)

    Abraços
    De tudo um pouco da Thá

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  20. Olá, vim desejar um ótimo final de semana e agradecer ao carinho e comentários participativos no blog, adoro muito! <3 super beijo, abraço.

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  21. Criticar mais fácil do que tentar entender, Fe... uma pena que exista esse pré-conceito. Seu texto excelente. Parabéns! =D

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  22. Cresci em shoppings, sem dúvida, meu lugar preferido. Não suporto entrar em loja e ser seguida. Alguns vendedores querem "ajudar", outros querem comissão ou pensam mesmo que estamos ali para roubar, mas não é só em shopping, nas lojas do centro sempre tem alguém seguindo.

    Também não conheço o movimento, mas sei que é o assunto do momento.

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  23. Eu já fiz tanto rolezinho, tem coisa mais gostosa do que sair com os amigos?
    Claro tem sempre aqueles que exageram falam mais alto, riem mais alto (isso sempre teve).
    Se o adolescente não puder mais sair com os amigos em locais públicos, o que vai ser desta adolescência brasileira?
    Sinceramente eu não sei, aguardaremos cenas dos próximos capítulos.

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